27/02/2009

Mais alto, mais longe

Finalmente chegou o momento na vida daquele pássaro onde tudo o que ele mais queria era não estar ali.
Aquele lugar não o pertencia mais, tudo ao redor parecia estar estranho e pequeno, pequeno demais para abrir suas asas.
Havia chegado o momento de saber até qual altura suas asas poderiam alcançar. Seus voos já não o contentavam mais e ele sabia que poderia ir mais alto, mais longe! Sabia que suas asas eram grandes e fortes, mas nunca tinha se desafiado desse jeito. Sua vontade era a única coisa que dominava sua mente agora. E ele queria ir mais alto, mais longe. Olhou pra trás e percebeu que não precisava levar nada, aquilo tudo seria só um peso a mais. A única coisa que precisava era sentir o vento em seu rosto, aquele vento fresco que encheria seus pulmões com a sensação de liberdade.

20/02/2009

A festa da cauda comprida

O pequeno roedor se indagou durante meses, e durante meses hesitou em saber o porque deveria participar daquela festa tão esperada. Ele não tinha cauda grande, sua cauda era muito curta, mas mesmo assim recebeu o convite daquela celebração. Se perguntou muitas vezes, porque me convidariam, como me sentiria numa festa cheia de tantos bichos diferentes? Vou me sentir de fora!
Olhou para o convite de novo e percebeu a palavra "celebração". Foi aí que percebeu, foi neste instante que o pequeno roedor percebeu que sua cauda não importava. Não importava se a festa era pra caudas longas, ele foi convidado. Ele era querido e acima de tudo ele finalmente soube que o importante era celebrar aquela ocasião e que ele estaria tão confortável como numa festa de caudas curtas. Ele se sentiu leve, acolhido por ter recebido o convite e ansioso por saber as novas dos seus amigos de outras bandas.

19/02/2009

O Onça risonho

O pequeno onça estava ali matutando. Aqueles pequenos mosquitos eram tantos atazanando seus ouvidos que percebeu que não conseguia mais sorrir, nem ouvir as cantigas dos pássaros, não conseguia mais olhar para o céu azul com os mesmos olhos. Até aquela oncinha cheia de graça que sempre dançava para alegrá-lo já não estava mais por ali.
Mas ele sabia qual era a solução, era tão simples como dar um tapão naqueles pequenos seres incômodos. A vontade foi tomando de novo seu lugar, ele lembrou de novo como era ágil, risonho, e como adorava dançar com aquela oncinha! De repente ele se percebeu cheio de coragem e com vontade de ouvir o som dos pássaros que não conhecia...

Sonhos

No meio do caos do rugido dos motores e do cheiro forte da fumaça, um grito silencioso de desespero ao contemplar a majestade do céu do fim da tarde e as poucas folhas verdes que restam nos galhos das poucas árvores.
Uma sensação de vazio no peito, sufocado pela esteria das buzinas.
Talvez devêssemos contemplar mais as nuvens, os pássaros e as estrelas para percebermos a que ponto chegamos e nos perdemos.